quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A POESIA DO PONTO DE EQUILÍBRIO ENTRE A OFERTA E A PROCURA NUMA ECONOMIA DE MERCADO. O PREÇO DA TAP E O DE CRISTIANO RONALDO.- Por António Miguel Cristino


É sabido que o ponto de equilíbrio, numa economia de mercado, entre a oferta e a procura, permiti-nos chegar ao denominado "preço justo de mercado".
Analisando, assim, de modo simplista esta máxima da economia de mercado, a TAP será bem vendida, seja por 20 milhões ou mesmo
10 milhões se esse for o tal ponto de equilíbrio.
Infelizmente a realidade é sempre mais complexa que os modelos teóricos.
Vejamos.
A máxima do ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura que dá origem ao estabelecimento de um preço de um bem e ao denominado equilíbrio de mercado num mercado competitivo apenas ocorre num cenário ideal.
Na verdade, há contextos económicos e estratégicos que influenciam o mercado e que não podem deixar de ter impacto económico. Equilíbrio é uma tendência natural dos mercados quando há verdadeira concorrência entre produtores e entre os consumidores, havendo alterações no equilíbrio quando ocorrem mudanças na oferta e/ou na procura, causadas pelos factores externos que influenciam esse equilíbrio, desorganizando-o.
A TAP é uma empresa estratégica para o Estado Português, desde logo porque é um relevante instrumento de política económica. para aqueles que enchem a boca para falar do bom exemplo alemão, aqui vai uma comparação: a Alemanha recusou vender s companhia aérea alemã Lufthansa, não obstante as várias tentativas de compra de que já foi objecto (sem esquecer que esta não tem a importância estratégica que a TAP tem no denominado novo mundo dos BRICS) assim como mantém sob sua gestão mais de 2/3 dos seus aeroportos e o argumento usado pela chancelaria alemã tem sido a importância estratégica na política económica alemã.
O Estado Francês, por exemplo, proibiu a venda da maioria de capitais da Danone a empresas estrangeiras, declarando esta empresa como estratégica para a França.
Este é o momento em que muitos estarão a pensar: pois é, mas há uma diferença é que Portugal precisa de dinheiro e tem de o realizar já.
Muito bem, partindo deste pressupostos que nenhum dos outros países citados teve de partir pergunto: então, mesmo sabendo que a TAP e a ANA são estratégicas para Portugal, mas como precisamos de dinheiro vendemos a qualquer preço pois só se o governo decidir vender a qualquer preço haverá o ponto de equilíbrio. Relembro que para haver ponto de equilíbrio é preciso que a o valor que a procura está disposta a pagar corresponda com o valor que a oferta está disposta a vender.
Ou seja, a tal poesia de que muitos falam tem a seguinte tradução: o estado português, mesmo reconhecendo a importância estratégica da TAP para Portugal, está disposto a vender por 20 milhões, já que aquele é o preço que a procura pretende pagar pelo bem: 20 milhões. Metade da venda do BPN.
Relembro que há 1 ano o Estado meteu na TAP 134 milhões de euros para acorrer aos leasings dos aviões recentemente comprados, e agora está disposto a vender por 20 milhões! fantástico.
Ultima Nota: não vale a pena tentarem mandar areia para os olhos de todos dos portugueses, dizendo que o comprador vai ficar com 1000 milhões de "buraco". Mentira. Sabem porquê? Porque desse 1000 milhões 700 milhões correspondem a leasings de aviões novos que ficaram no activo da TAP e por consequência não é dívida, mas sim investimento. Os aviões, depois de pagos, ficarão para o comprador.

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