Nações Unidas propõem renegociação da dívida portuguesa
Anabela Campos e Jorge Nascimento Rodrigues - Expresso
Uma
equipa de sete economistas do PNUD, coordenada pelo português Artur
Baptista da Silva, apresenta três pontos para uma negociação com a
troika da dívida portuguesa. O ganho rondaria 10,3 mil milhões.
"Se Portugal não o fizer já, terá de o fazer daqui a seis meses, de joelhos", afirma Artur Baptista da Silva, o economista português que coordena uma equipa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), encarregada pelo secretário-geral Ban Ki-moon de apresentar um relatório da situação crítica na Europa do Sul.
Em entrevista na
edição de hoje do Expresso, Baptista da Silva refere a preocupação das
Nações Unidas com a evolução da crise das dívidas soberanas na
"periferia" da zona euro, as receitas de ajustamento que têm sido
colocadas em prática e os riscos geopolíticos que esta situação
acarreta.
Numa
abordagem distinta de outras propostas de renegociação da dívida - como
a de Miguel Cadilhe, divulgada pelo Expresso em outubro num artigo de
opinião
do ex-ministro das Finanças -, a estratégia definida por esta equipa da
ONU propõe uma renegociação de 41% da dívida soberana consolidada
portuguesa projetada daqui a cinco anos (uma parte da dívida que não
deriva das políticas internas dos diversos governos desde a adesão à
União Europeia) e a mexida em dois pontos do memorando de entendimento
com a troika, que em detalhe o leitor poderá ler na entrevista publicada
na edição do Expresso.
Artur
Baptista da Silva será encarregado pela ONU para dirigir o Observatório
Económico e Social das Nações Unidas que se instalará em Portugal por
dois anos. O relatório será divulgado no próximo ano.
A
poupança de 10,3 mil milhões de euros daria para cobrir um défice
orçamental de 4,5% e ainda deixaria de saldo cerca de 2,3 mil milhões de
euros, que poderiam ser aplicados à devolução de um dos subsídios
retirados aos funcionários públicos e aos pensionistas e ao reforço do
fundo de emergência social.
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