quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A PRIVATIZAÇÃO

AS PRIVATIZAÇÕES: ANA, TAP, RTP, CGD ...


Desde a primeira, todas as operações de privatização geraram e continuam a gerar polémica. Elas põem em confronto duas visões irreconciliáveis sobre o papel do Estado na economia. 
Uns perfilham a propriedade estatal em sectores considerados estratégicos para defesa de uma possível soberania económica e do interesse geral. Esta visão tem sido derrotada em sucessivas privatizações, em nome de uma gestão mais eficaz e eficiente dessas empresas - por menos politizada - do encaixe do Estado com o fim de reduzir a dívida pública e de uma economia mais aberta, concorrencial e competitiva.
PS, PSD e CDS, quando se encontram alternadamente no poder, têm desenvolvido um discurso muito semelhante sobre as vantagens de tirar o Estado da posse directa das empresas, reforçando, em contrapartida, as instituições reguladoras para ordenar a actividade dos mercados não isentos de disfunções. 
Quem se encontra conjunturalmente na oposição acaba sempre por considerar os processos de privatização questionáveis, pouco transparente ou mesmo ruinosos.
O essencial é que todos os elementos do processo venham a ser escrutinados pelos representantes do povo e que se possa discutir com factos, e não com teorias, se, desta vez, as coisas correram ou não de acordo com o interesse público.
As privatizações, aliás previstas no PAC IV de José Sócrates, não constituem, neste contexto, excepção. 
Porém, como cidadão não admito, nem quero, continuar a pagar este brutal aumento de impostos para pagar salários milionários a comentadores, apresentadores e entertainers televisivos que auferem entre 10.000€ a 30.000€ por mês na RTP, muitos deles para darem uns pinotes e umas cambalhotas, dizerem disparates e até já pagamos para ouvir um conhecido entertainer dizer asneiras brejeiras na RTP.
Estamos a falar de cidadãos que tiveram a sorte ou a "cunha" necessária para entrar na RTP, muitos sem escolaridade especial, outros licenciados (alguns já com bolonha - 3 anos) em publicidade, marketing, comunicação social, relações públicas ou qualquer coisa do género, como milhares de portugueses.
Acho muito bem que recebam isso se algum grupo privado de comunicação social o quiser pagar. Acho muito mal os contribuintes terem de o fazer pelos seus impostos.
Sobretudo num país que paga a Médicos especialistas € 2740 por mês, a Juizes € 2350, a Professores € 1300, a Polícias a € 800 (arriscando a vida todos os dias na rua), a enfermeiros € 4/hora (pelo menos em início de carreira após especialidade, após a formação no Centro de Estudos Judiciários), sendo que estes profissionais são absolutamente imprescindíveis para a sociedade satisfazer necessidades básicas indispensáveis (saúde segurança e paz social, justiça, educação).
Ao contrário, lamento, mas a televisão pública é dispensável nos moldes em que ela existe hoje, sobretudo nos dias que correm, já que se os portugueses, escasseando o dinheiro, tivessem de escolher o que os seus impostos deveriam pagar, não seria, estou absolutamente certo, esta RTP a escolhida.
Uma RTP pública deveria premiar novos valores do jornalismo. Ir às universidades contratar novos talentos (os melhores alunos das licenciaturas) e para esses bastaria pagar-lhes um salário razoável. Estaria também a fazer serviço público de abrir caminhos a novos valores do jornalismo e comunicação social.
Um jornalista médio ganha, sem grande dificuldade, na RTP cerca de  € 10.000/mês. Mais que um médico cirurgião com 30 anos de experiência, mais que um Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de justiça com 30 anos de carreira.
Desculpem mas não acho razoável e não acredito que os portugueses queiram pagar este serviço nestes termos, quando muitos portugueses não têm dinheiro sequer para tomar um banho quente todos os dias!
Não estou disponível para, dos meus impostos, pagar isto.
Quem é um "fora de série" terá mercado que lhe continue a pagar esses salários milionários. Na RTP pública é que não aceito.
O mesmo se passa na TAP e ANA, apesar de em circunstâncias diferentes.

1 comentário:

  1. A RTP, para se fazer uma ideia relativa, custa mais que um hospital de 300 camas. Eu também não estou disponível para continuar a ter um porche à porta enquanto vivo numa barraca.

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