sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O alvará

Nos últimos vinte e cinco anos cerca de dez mil pessoas (o,o1% da população) movimentou duzentos mil milhões de euros em mais valias urbanísticas. A alavanca é o alvará que lhes permitiu converter terrenos agrícolas em urbanos. Como os bancos portugueses pediram este dinheiro emprestado aos bancos estrangeiros para entrar nestes negócios, dando como garantia os terrenos que agora valem muito menos, andamos todos nós a tapar os buracos com o dinheiro que o governo lá injecta . Isto é, andamos a pagar terrenos que existem no nosso país desde sempre aos bancos europeus. Confuso? Mas olhe que é mesmo assim!
Nunca houve uma transferência de dinheiro de tal montante da maioria dos cidadãos para um pequeno grupo de pessoas. E, estas pessoas, que tiveram ganhos de 2 000% não fizeram nada para que o seu terreno tivesse tais mais valias. Quem fez tudo foi o estado central ou local. Com o alvará!
É por isso que nos países decentes a mais valia obtida com o alvará dá entrada nos cofres do estado, impedindo ganâncias e fraudes. Se tenho um terreno que comprei por dez e com o alvará o transformo num terreno com o valor de mil, vou ao banco, faço um empréstimo de mil e entrego ao banco como garantia um terreno que , efectivamente, vale dez. E não concretizo nenhuma das promessas que o alvará me concedeu. Com a cumplicidade do banco, ganho novecentos mil e o banco perde outro tanto.
Estes buracos assim cavados chamam-se "imparidades" e o governo cobre-os porque se não os cobrir os bancos vão à falência. E não podem ir à falência porque são "sistémicos".
PS : Já desconfiava mas ontem na A25A numa sessão pública confirmaram-me isto tudo!

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