A Finlândia é hoje detentora dos melhores resultados mundiais em educação de acordo com o PISA, exame internacional aplicado a um grupo de aproximadamente 60 países que avalia os conhecimentos dos alunos das respectivas redes de ensino de cada nação, por amostragem, em Ciências, Matemática, Leitura e Escrita.
País pouco conhecido para estes lados, a Finlândia tem despertado a atenção dos especialistas em educação e motivado vários países a enviar delegações com a finalidade de verificar a estrutura e o funcionamento do sistema educacional finlandês, como por exemplo a Alemanha.
A Finlândia era país eminentemente agrário e industrial para uma moderna sociedade da Era da Informação, com mão de obra local extremamente qualificada e habilitada para os desafios do Século XXI.
As grandes diferenças efectuadas na sociedade finlandesa resultaram de investimentos e alterações nos rumos da educação daquele país. Mudanças desde o início dos anos 1980, por exemplo, com a criação de leis que aumentaram o nível de exigência quanto à formação dos professores do Ensino Básico (Educação Infantil e Ciclo I do Ensino Fundamental). Passou a ser obrigatório que estes docentes da rede pública finlandesa não apenas tivessem formação universitária em Pedagogia e Licenciaturas para trabalhar como professores, mas que avançassem em seus estudos com especializações e titulação de mestrado.
Para atingir o actual estágio de evolução e seus notáveis resultados, a Finlândia iniciou a reformulação de seu sistema educacional há aproximadamente 30 anos e, para tanto, firmou-se um compromisso político nacional, independentemente de qualquer interesse ou bandeira político-partidária.
No caso da formação dos professores, indo além da graduação, exigindo-se pesquisa, produção de artigos, elaboração de teses e dissertações, criando entre os educadores a mentalidade e a prática perene da pesquisa e actualização: escola de ponta é aquela que tem professores competentes, técnica e pedagogicamente. Não é preciso reinventar a roda e, destaque-se, esta lógica é válida não apenas para os educadores que estão na sala de aula com os alunos, mas para todos aqueles que trabalham em escolas, entre os quais, destaque todo especial aos gestores.
Entre os outros aspectos marcantes da educação finlandesa que merecem destaque podemos chamar a atenção para as seguintes informações que nos foram dadas pelo professor Pasi Sahlberg:
- 1. A Finlândia não se preocupa em educar alguns, mas sim a todos. As escolas (aulas, alimentação, recursos materiais, transporte) são responsabilidade do Estado.
- 2. O país oferece oportunidades iguais a todos e incentiva as pessoas a encontrarem seus talentos.
- 3. A educação é trabalhada como compromisso colectivo e nacional.
Há também o que foi chamado pelo professor Sahlberg de paradoxos da educação finlandesa que igualmente merecem nossa atenção e apreciação, a saber:
- Paradoxo 1 – “Less is More” (Quando menos é mais...) – O que se procura reforçar com esta afirmação é o conceito de que educação de qualidade não significa necessariamente grande volume e/ou quantidade de aulas, exercícios, tarefas. De acordo com as palavras do professor Sahlberg, os finlandeses acreditam que “não adianta encher os alunos de aulas ou exercícios, eles não irão aprender mais por causa disso”.
Paradoxo 2 – “More learning with less testing” (Aprende-se mais com menos avaliações) – Não há “standardized tests” ou testes nacionais padronizados. O tempo gasto para avaliar é deslocado para acções de ensino-aprendizagem, o que diminui o stress geral dos estudantes e aumenta consideravelmente a atenção despendida pelos educadores com o ensino propriamente dito.
- Paradoxo 3 – “Equity Through Diversity” – (Igualdade na Diversidade) – Os finlandeses tiveram um crescimento expressivo na quantidade de imigrantes que entraram no país ao longo das últimas duas décadas.
Paradoxo 4 – “The better a high school graduate is, the more likely she wants to become a teacher” - (Quanto melhor é uma estudante ao finalizar o Ensino Médio, maior o desejo desta se tornar o melhor)
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